Entre um milhão e quinhentas mil coisas a fazer fui diagnosticada essa semana com pneumonia avançada, resultado, repouso absoluto. Por um triz escapei da internação que seria para mim com certeza uma ponte para o caos. Mas ontem eu fui lembrada de uma coisa, do qual já tinha consciência, mas é o tipo de coisa que tendemos a abstrair no dia a dia, sou uma Workaholic, totalmente dominada pelo trabalho. Mas o que pensar sobre esta condição? Existe mesmo um equilíbrio entre dedicação e perfeição?
Vamos começar pelas características:
- Todo workaholic vê seu trabalo como algo importante e significativo e se sente altamente responsável por aquilo que lhe cabe.
- Tem tendências ao perfeccionismo
- Coloca o trabalho sempre em primeiro lugar
- Faz das tripas coração para atender a todos
- Não vê limite no volume de tarefas
etc.....
Essas são algumas características, existem outras tantas que só um viciado no trabalho, sua família e seus amigos conhecem.
Voltando a questão anterior: Existe mesmo um equilíbrio entre dedicação e perfeição?
Sinceramente eu até hoje não encontrei essa resposta. Quando nos dedicamos à algo, colocamos todo nosso potencial criativo, afetivo em tal coisa, agora para entendermos melhor este termo, seremos literais, no dicionário temos dedicação: s.f. Afeto extremo, devoção para com alguém ou alguma coisa.Consagração de um edifício, de um templo.
Agora de seus sinônimos: Abnegação e devoção.
Abnegação: renúncia da própria vontade;desapego do interesse próprio;generosidade com sacrifício;altruísmo, isenção. A abnegação é uma das virtudes de uma alma caridosa.
Devoção: s.f. Piedade, sentimento religioso; dedicação ao culto de Deus e dos santos.Respeito, afeição, dedicação.
Se ser dedicado ao trabalho significa respeitá-lo, admirá-lo, sacrificar-se para realizá-lo, transpor limites físicos e psíquicos. Sou culpada! E como a partir desses sentimentos não querer o objetivo de forma perfeita?
Posso dizer que boa parte da pressão posta no trabalho de um workahlic parte dele mesmo, mas como não ceder as pressões daqueles que esperam que seu trabalho seja de fato perfeito? Como não ceder aos prazos? Como não ceder aos que lhe cobram responsabilidades? Como não ceder ao fato de que é Seu Nome que no fim das contas entra em jogo? E nome é nome, não é? Vale mais do que dinheiro.
Num mundo extremamente competitivo, onde é preciso galgar muito para conseguir algo, é difícil ficar "sossegado" enquanto um milhão de pessoas atrás de você tentam lhe engolir a todo momento. A concorrência é grande e a crítica é cruel.
Já ouvi também que o workaholic é egoísta e ambicioso. Opa! Tudo bem que no fim das contas todo trabalhador quer ser reconhecido pelo seu trabalho, afinal, todos querem seu lugar ao sol. Mas como uma pessoa altamente dedicada pode ser egoísta? Afinal, o resultado do trabalho apenas reflete em seu "criador", o trabalho em si vai sempre para o outro. Um advogado que defende uma causa e ganha recebe os louros por sua vitória, mas a causa ganha é de seu cliente. O médico recebe as graças por ter salvo uma vida, mas quem ganhou a vida foi o paciente. O mecânico recebe o crédito por ter restaurado o carro, mas quem ganha e aproveita o carro é seu dono. O ator recebe o aplauso do público, mas quem ganha é o público que pôde assistir àquela obra e se emocionar, aprender, gerar opinião, analisar, são eles que assistem.
Quem é o egoísta?
E como não ter ambição? Ouve-se muito essa palavra com uma conotação arraigada na malevolência, mas está errado, a ambição é aquilo que propulciona o sujeito a melhorar, a querer superação. Não esqueçamos que o mal está no exagero! Sei que é ambíguo citar tal frase num artigo como este, mas por mais que um workholic seja "exagerado" em trabalhar demais, ele ainda sim não ultrapassa os limites da decência para conseguir algo. Quem faz isso é o super ambicioso por dinheiro, o super ganâncioso por poder; o workaholic tem na sua visão ambiciosa apenas cumprir com êxito seu dever e receber o seu devido crédito por isso, nada mais justo.
E você? O que acha? O workaholic é um produto do mercado ou de si mesmo? Existe o equilíbrio real ? Ou apenas acreditamos nele para não enlouquecermos coletivamente? Pense nisso.
Um comentário:
O problema não é ser devoto ou workholic, cada um sabe o que temos que fazer para matar aquele tubarão por dia.
A grande questão é saber quanto deste tempo é dedicado para nós e a nossa felicidade.
Pense nisso.
Parabéns pelo texto.
Beijos
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